sábado, 5 de junho de 2010

Âmago


Carrego múltiplas personagens no seio de mim. Um alter-ego que deambula pelas vísceras do meu ser. Unívoco eu, que se refugia de tudo. Da monstruosidade de um dia corriqueiro, que avança ora apressado à velocidade da luz, ora numa impaciência que apoquenta a mais pacata alma. Sou, ora existo aqui, onde ninguém me consegue deslumbrar. Quadro caricaturado da figura que aparento ser aos olhos de outrem. Aquilo que julgam ver, não é mais do que trejeito da feição mascarada que quero desvendar. Só o meu eu interior carrega a veracidade da verdadeira essência que me norteia. Inspiro uma lufada de ar fresco enquanto calco a calçada desgastada de anos e inúmeras passagens. Amargurados os que me contemplam, julgando compreender o indivíduo que por ora avistam. A sapiência da exactidão encontra-se oculta sobre camadas de carne, impalpável ao sentido de quem não possui o tacto de a visualizar sem nada ver.

6 comentários:

Mafalda disse...

Adoro tudo o que escreves. Não vale a pena dizer mais :)

teresa araújo disse...

escreves mesmo bem :) adorei tudo o que li aqui

teresa araújo disse...

escreves mesmo bem :) adorei tudo o que li aqui

Fábio Silva disse...

Li, e imaginei Pessoa a escrever o mesmo texto. Encaixa.

L.A disse...

Mais outro genial*

Anónimo disse...

Amei :)
Fiquei compenetrada ao ecrã do computador a ler e respirar alguns textos teus. Tão bem escritos e todos (dos que li) maravilhosos!

Continua*

Beijinhooo*