Analiso de sobrolho carregado a combinar com um olhar carrancudo, o mapa que exibe e retribuí-me uma geografia disforme. Apresenta na realidade uma textura totalmente oposta à minha vontade. É em última análise pouco ou nada favorável. O infortúnio é marcadamente real e em pouco abona em minha causa própria. Com o dedo trémulo e pouco exercitado desenho um caminho fictício que se queda numa linha afigurada que une dois locais díspares e distintos no espaço e no tempo. Ergo num ápice uma ponte imaginária e tremendamente irreal que os sustenta, fazendo com que o aqueduto não se consuma, que jorre continuamente sentimentos que não se querem extraviados. Assumo o papel principal de arquitecto de sonhos e quimeras, onde te posso desenhar aí, colocar-te num ponto de referência, para que em noites de densa nebulosidade, tenhas a tarefa facilitada de me guiar até ti. Cheguei a pedir-te, quando a esperança já se desvanecia, que me iluminasses o olhar com o teu e me mostrasses o trajecto até ao lado direito da tua alma. Não queria que me deixasses manietado, aprisionado no inverso dos sentidos, daqueles que não reconheço os traços.
É no seio do negrume que te encontro, trajada a preceito, engalanada por um vestido imaculado no meio de uma estrada poeirenta e esquecida no meio do nada, no centro de tudo. Não demonstras impaciência, e eu sigo-te o exemplo à tua passagem. O magistral e improvável local proporciona-nos um encontro já de si corrente. Quando milhões cerram os olhos, nós trocamos palavras e sorrisos rasgados e invisíveis. Rimo-nos do mundo que agora repousa e adormece. Vejo-te claramente no centro da escuridão, como nunca te vi num dia monótono. Numa primeira fase, trocamos controladas palavras de circunstância. O tempo, espera por nós. É aquilo que nós fizermos e quisermos do próprio. Sustentas o ponteiro dos minutos, e pedes-me delicadamente que faça o mesmo com o dos segundos. Aconselhas-me de forma prezada a sentar-me no sofá que se destaca no íntimo da nossa sala. O meu pensamento reflecte um quadro caótico da alma, arrumo palavras num canto. Quando dou por mim assim postado, limito-me a esperar pelo teu conforto, uma par de mãos, retratadas à luz da imaginação que baila solitária.
Uma noite dessas - agora que o tempo arrefece lentamente - acenderemos uma fogueira junto à estrada que nos aguarda jornada após jornada. Uma à base da lenha platinada que queima e aquece o ressoar do coração. Caminho - metros, quilómetros, léguas, sem ter noção se me afasto ou aproximo. Na mochila carrego comigo os meus fantasmas, as minhas esperanças e um retrato mal esboçado da minha parca figura. Quero que o toques, que o adornes e sintas como teu. Ilustra-o e guarda-o junto à cabeceira, faz dele um marcador. Um despertador da minha presença, directo para os confins da tua alma.
Existe uma viagem por agendar que teimosamente é adiada. Não apresenta hora nem data marcada e em última instância nem destino pré-concebido. Que seja apenas um caminho rumo ao infinito de almas perdidas e deixadas para trás. Nada disto estava previamente programado ou acordado. O briefing oficial da contenda não continha dados que detectavam a nossa presença, fomos convidados incluídos à última hora, no programa de uma batalha não planeada. No nosso guião não nos atribuíam papéis complementares. Mas o facto rapidamente foi desmembrado. Quedou-se apenas até termos encetado travessias de montanhas e cumes de braço dado. O fim da não complementaridade desabrochou quando ultrapassámos tempestades de árida areia e neve gélida, unidos um no outro. Momentaneamente éramos o que restava, mantivemo-nos tal rochedos inquebráveis a qualquer adversidade. Nunca nos perdemos de vista, nem mesmo quando as brechas ameaçaram abrir e ceder. Pedi-te hesitante, com o ar tímido de sempre, que me rasga a personalidade, que me iluminasses com o teu olhar de encantar uma e outra vez. Talvez até pela última. Acedeste e ficaste comigo finca-pé enquanto bátegas de chuva soavam violentamente como baladas envelhecidas que caíam incessantemente sem descanso sobre nós. […]
É no seio do negrume que te encontro, trajada a preceito, engalanada por um vestido imaculado no meio de uma estrada poeirenta e esquecida no meio do nada, no centro de tudo. Não demonstras impaciência, e eu sigo-te o exemplo à tua passagem. O magistral e improvável local proporciona-nos um encontro já de si corrente. Quando milhões cerram os olhos, nós trocamos palavras e sorrisos rasgados e invisíveis. Rimo-nos do mundo que agora repousa e adormece. Vejo-te claramente no centro da escuridão, como nunca te vi num dia monótono. Numa primeira fase, trocamos controladas palavras de circunstância. O tempo, espera por nós. É aquilo que nós fizermos e quisermos do próprio. Sustentas o ponteiro dos minutos, e pedes-me delicadamente que faça o mesmo com o dos segundos. Aconselhas-me de forma prezada a sentar-me no sofá que se destaca no íntimo da nossa sala. O meu pensamento reflecte um quadro caótico da alma, arrumo palavras num canto. Quando dou por mim assim postado, limito-me a esperar pelo teu conforto, uma par de mãos, retratadas à luz da imaginação que baila solitária.
Uma noite dessas - agora que o tempo arrefece lentamente - acenderemos uma fogueira junto à estrada que nos aguarda jornada após jornada. Uma à base da lenha platinada que queima e aquece o ressoar do coração. Caminho - metros, quilómetros, léguas, sem ter noção se me afasto ou aproximo. Na mochila carrego comigo os meus fantasmas, as minhas esperanças e um retrato mal esboçado da minha parca figura. Quero que o toques, que o adornes e sintas como teu. Ilustra-o e guarda-o junto à cabeceira, faz dele um marcador. Um despertador da minha presença, directo para os confins da tua alma.
Existe uma viagem por agendar que teimosamente é adiada. Não apresenta hora nem data marcada e em última instância nem destino pré-concebido. Que seja apenas um caminho rumo ao infinito de almas perdidas e deixadas para trás. Nada disto estava previamente programado ou acordado. O briefing oficial da contenda não continha dados que detectavam a nossa presença, fomos convidados incluídos à última hora, no programa de uma batalha não planeada. No nosso guião não nos atribuíam papéis complementares. Mas o facto rapidamente foi desmembrado. Quedou-se apenas até termos encetado travessias de montanhas e cumes de braço dado. O fim da não complementaridade desabrochou quando ultrapassámos tempestades de árida areia e neve gélida, unidos um no outro. Momentaneamente éramos o que restava, mantivemo-nos tal rochedos inquebráveis a qualquer adversidade. Nunca nos perdemos de vista, nem mesmo quando as brechas ameaçaram abrir e ceder. Pedi-te hesitante, com o ar tímido de sempre, que me rasga a personalidade, que me iluminasses com o teu olhar de encantar uma e outra vez. Talvez até pela última. Acedeste e ficaste comigo finca-pé enquanto bátegas de chuva soavam violentamente como baladas envelhecidas que caíam incessantemente sem descanso sobre nós. […]
16 comentários:
dps de ler este texto a unica coisa qe me serge a' cabeça é qe este texto foi tirado de um livro qqlr magnifico. mas acredito qe nao.
és um génio literario, tens um vocabulario fantastico e trabalhas muito bem com as palavras.
parabens! =)*
eu é qe agradeço o comentário!=)
pois realmente os pormenores é que contam, mas às vezes o conjunto, o todo, não faz muito sentido e os pormenores parecem não ter assim tanto significado. digo isto, porque muitas vezes focamo-nos tanto em procurar os pormenores que nos esquecemos de verificar as bases. :) *
You're great!
Parei aqui e fiquei até ao fim! És um mago das palavras, hás-de escrever um livro ;)
*
miminho no meu blogue*
Continuo a gostar muito de te ler:D (E acho que não vai passar;D)*
Não me quero tornar repetitiva dizendo, que as palavras são realmente as tuas melhores amigas, ou vice-versa :)
Apenas te peço que continues a fazer voar o nosso pensamento com aquilo que nasce em ti, e soltas em cada palavra.
Beijinho grande*
foi com muito prazer que descobri este blog. Desenhas com as palavras estados de espirito e coração que muitas vezes sinto. És bom de ler. Vou seguir :)
Gostei muito de ler o que escreves...tal como as pessoas que comentaram acima, acho que se quiseres podes um dia vir a escrever grandes coisas .Eu também gosto de escrever...mas não gosto muito de mostrar o que escrevo,sabe lá Deus porquê...no fundo não è nada que ainda ninguém tenha dito...ou pelo menos pensado...sou mais de ler...adoro!
Continua!
Bem, escreves com palavras caras e intensas. Escondes a verdade por de detrás de letras que poucos sabem descodificar. x)
Gostei.
Imaginação realidade. ele ela. (:
gostei muito, gosto sempre, perco-me por aqui (:
***
Que ela, estes momentos, estas palavras, estes sentimentos não sejam apenas fruto da imaginação.
Porque tamanha sensibilidade merece nascer, viver e espalhar-se por este mundo...
Tuas palavras são como pedras que quando tragadas pela graganta e trituradas tranforma-se em nectar...em aguas limpidas que no final nos mata de uma sede que sentiamos antes mesmo de ter tuas palavras....
Ademerson Novais de Andrade
Continuo a perder-me no mundo fantastico das tuas palavras *.*
Continuo a perder-me no mundo fantastico das tuas palavras *.*
O meu blog tem uma coisa pequenina mas com muito carinho para ti : )
Beijinho
Faço tuas as minhas palavras * Muito bom mesmo!
Vou passar mais vezes *
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