terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ode à felicidade




Já lhe havia dito que sim. Todas as vezes as respostas seriam as mesmas. Todas as ruas, todos os traços, todos os risos e todos os choros iam dar à sua rua. Aquela que sempre aguardou pacientemente a chegada de um relato envolto numa fábula radiante que se cruzava com uma realidade ambígua. No seu íntimo, ambos ansiavam por uma abóbora que se transformava num carro de coche, qual meia-noite que enfeitiça de forma inversa. Ela relutante teimava em não largar o sapato na correria desenfreada de chegar ao seu porto de abrigo. E ele não queria de forma alguma que ela perdesse um pingo de todo esse brilho que sempre ostentara, tal perfume fatal de luxúria. Agarrava-lhe o braço, mesmo sem agarrar. Pedia que não se fosse embora, não agora. Era demasiado tarde e demasiado cedo para ela partir. Tarde de mais para não se apaixonar mais uma e outra vez. Demasiado cedo, para voltar a viver a vida depois da fábula prometida. Então vem, agora que as horas nem o passar do tempo vagaroso assume qualquer relevância face à presença constante do toque do nosso sentir. Largava-lhe a mão, dizia-lhe que longe assumiria toda e mais alguma importância que qualquer Homem um dia podia sonhar sentir. Dava discursos de amor que sobrevivera a guerras, pestes e fomes. E ele, suspirava de alívio, porque sabia que perto ou longe ela não arredaria pé face a qualquer infortúnio . A sintonia que outrora se fez sentir, manifestava-se de forma abrangente e cobria todo e qualquer espaço que estava à espera de ser preenchido pela tinta feita de histórias de embalar e de paixões fora de horas.
No calor de mais uma noite fria, envolvem-se dois corpos que transportam consigo marcas ostensivas de uma história que ficara deixada a meio por contar. Não se condenam, mas vangloriam-se pelos actos que deixam cair em nome de um Amor sem precedentes, sem explicação, sem razão, apenas coração. Bem-vindo, abraça-lhe assim que chegares a casa como se desse abraço dependesse a força de um choro de uma criança abandonada. Diz-lhe que não é tudo uma fábula encantada bordada a sorrisos e vitórias de encher o olhar mais disfuso. Meia-noite após meia-noite apanha-lhe o sapato. Diz-lhe que lhe amas como nunca e sê feliz num mar revolto de emoções.

*Conta com a colaboração criativa de BHG*

17 comentários:

Joana ' disse...

Como se não bastasse já a forma como escreves, a BHGirl ainda te dá uma mãozinha?!?
Magnífico, como não podia deixar de ser... ;)

Beijinho

'stracci disse...

Que bonito, como já vai sendo hábito. :)

(Andavas ausente! :p)

L.A disse...

Nao posso deixar de admirar, mais uma vez, a forma como escreves.
Adorei.

Margarida' disse...

Gosto tanto das tuas palavras, desculpa invadir o espaço * *

Anónimo disse...

"No calor de mais uma noite fria, envolvem-se dois corpos que transportam consigo marcas ostensivas de uma história que ficara deixada a meio por contar. Não se condenam, mas vangloriam-se pelos actos que deixam cair em nome de um Amor sem precedentes, sem explicação, sem razão, apenas coração. Bem-vindo, abraça-lhe assim que chegares a casa como se desse abraço dependesse a força de um choro de uma criança abandonada. Diz-lhe que não é tudo uma fábula encantada bordada a sorrisos e vitórias de encher o olhar mais disfuso. Meia-noite após meia-noite apanha-lhe o sapato. Diz-lhe que lhe amas como nunca e sê feliz num mar revolto de emoções."


Lindo, lindo, lindo, lindo, lindo *.*

Perfeito :)

'Mimi disse...

Já tinha saudades deste textos :)

Mais uma vez está fantástico ;)

Flor disse...

"Meia-noite após meia-noite apanha-lhe o sapato. Diz-lhe que lhe amas como nunca e sê feliz num mar revolto de emoções."

Quem encontra alguém assim só pode ser feliz...para sempre como nas histórias de encantar ou talvez ainda mais.

^^

beijinho*

carlita =) disse...

gostei* :)

Anónimo disse...

tens um optimo gosto musical e cinéfilo! e boa escrita parabéns : )

rt disse...

Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue.
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade...
É a eternidade...

És tu.

Cecília Meireles

Wanderley Elian Lima disse...

Olá Rebelde
É a primeira vez que visito seu blog. Parabéns pelas crônica. Voltarei
Um abraço

Marii Magalhães disse...

Primeira vez que visito op blog.. estou encantada a primeira vista

Anónimo disse...

Ah quanto tempo não passava eu por este canto de palavras emocionantes.
Está fantástico como sempre!

Anónimo disse...

Ah quanto tempo não passava eu por este canto de palavras emocionantes.
Está fantástico como sempre!

Anónimo disse...

Ah quanto tempo não passava eu por este canto de palavras emocionantes.
Está fantástico como sempre!

Mafalda disse...

Volta***

Anónimo disse...

Gostei =)