sábado, 26 de junho de 2010

2 weeks later.

Foi o mundo que mudou tanto neste curto espaço temporal? Ou fui eu susti os ponteiros do relógio, congelando tudo em redor. Talvez tenha sido só eu, que morri aqui. À tua porta, às tuas mãos. E o mundo lá fora avança à velocidade repentina e imponente de então. O Verão eis que por fim chegou. Apregoam em frases distorcidas e distantes, lá ao longe. Mas em mim adensasse uma estação invernosa, sem cor, sem fim à vista. Sem ser proclamada. Como decreto que teima em não ser aprovado. Os dias cinzentos sucedem-se. Impõem-se vestidos e recortados a um silêncio cortante. Nas ruas cheias, a multidão sorri continuamente, como se passeassem a sua alegria exterior. Mas a mim tudou me soa, a não mais uma melodia vazia e dispersa de contéudo. O silêncio impera desde então. E uma estrada de quilómetros de distância acabou por surgir no infinito. Apanhando-me desprevenido e impôs-se. Afinal, não era essa estrada de adversidades, que nos mantinha unidos e nos fazia mais fortes que rochedo. Afinal não caminhávamos em paralelo, para um destino comum. A nossa estrada, não é mais a mesma. Os muros ergueram-se à minha volta, deixando-me nesta redoma, sozinho. E eu vi-te desaparecer assim, escapavas-me pelas brechas dos dedos das mãos. Sem palavras, sem gestos. Sem nada. Os sorrisos contagiantes, dos demais são a minha desgraça. Como é possível ter chegado a um estado de ruptura latente. Hoje os porquês, de nada valem. Prefiro e só quero esquecê-los. Porque as razões só me puxam mais de encontro ao abismo, em que me transformei. O fundo do poço, começa-me a parecer um local atraente para repousar a minha alma despida, e por lá conviver comigo mesmo.

Amo-te, soletra a minha boca, num trejeito em silêncio e contranatura. Será possível? Não o mereces na realidade. Mas o que posso fazer, se o meu coração te escolheu a ti? Não consigo contrariá-lo. Ainda que o tente ludibriar por breves instantes. Agora que estás reconfortada e embalada nos braços de outro alguém. Que posso eu fazer? Faz hoje duas semanas, que o meu amor por ti cresceu a olhos vistos. Mesmo não mais te tocando. Mesmo não te visualizando. Ou sequer ouvir uma simples palavra de tua autoria. E muito menos provando o sabor dos teus doces beijos. Apesar do imenso fracasso que reina em mim. Existe uma palavra altiva que teima em não me abandonar. E eu guardo-a para mim. Não tenho medo que se riam de mim.

Por não saber de ti. Imagino-te. Imagino-te e crio-te, dia e noite. Invento-te constantemente no interior do meu ser. E cá dentro habitas enroscada comigo. Como se fosse preciso, sequer inventar-te. Outrora apoderaste-te do meu coração. Outrora em que me deixei levar por aquela, que eu julgava seres tu. És senão mais que um contra-senso que se concerne e arde no meu interior. Mas tu, só existes dentro de mim. Para mim. Mantenho-te prisioneira, no meu cérebro. Destilo-te nos meus olhos, quando a saudade aperta e já causa mossa.

Orgulho-me dos meus sentimentos feridos, e de, a eles ter sido inquestionavelmente fiel. Apesar de nada valerem aos teus olhos. Eu sou, e fui eu. Sem máscaras que me pudessem omitir. Sem palavras-passe que encobrissem segredos confrangedores. Eu sou aquele que te Amava ontem. E hoje, deixa-me que te diga, passado duas semanas - Sou aquele que te Ama ainda mais. Ainda que não o sintas. Ainda que não oiças mais a minha voz. Habituo-me a este amor solitário, que comparti-lho comigo próprio. Acostumo-me sem mais dramas.

Hoje sou a brisa fria, dos que não mais sorriem. Carrego com eles a cruz da não felicidade. Junto-me a eles e caminhamos em passo acertado. Como se de um exército mártir nos tratássemos. Aqui oiço choros retidos há muito. Oiço lamentos soluçados e tormentos perdidos, brandidos ao vento. Oiços silêncios, de quem lhes foram arrancadas, e extraídas vidas inteiras. Almas roubadas. E reconheço-me. Aqui no fim do mundo esquecido, solto um suspiro de revolta, ou que seja de conformação. Nasce e parte do fundo do coração, a conjugação de um verbo, que pelos demais é soletrado. Mas apenas por ímpares é sentido, com tamanha sinceridade. Eu sou a minoria dos que amam em vão.

1 comentário:

Susana Aires disse...

Também faço parte desse exército, mas n me vejo como mártir.. antes alma de esperança, que vai aceitando o que existe e desiste daquilo que n pode ser seu.

Mesmo os sentimentos mais bonitos não são correspondidos.. sempre, mas às vezes sim e é nesses que vale a pena dar tudo.

beijos