terça-feira, 7 de julho de 2009

Espécie de adeus anunciado



Assumo… Possuo uma apetência para de forma pesadamente cruel deixar cair a ponte que por breves instantes teima em insistir numa tentativa inglória e gorada de êxito, suster-nos, num formato por demais ínfimo. Deixa cair o molde anti-estético que teimosamente mantém-nos suspensos a uma ligação feita de apenas momentos transactos, há muito enegrecidos pelas vicissitudes desta jornada. Quero parar de cruzar vezes sem conta a via tenebrosa, sem sentido aparente onde me incluo, com prazo de validade há muito findado, não me restam opções.

Não pretendo oferecer-te a exclusividade de um efémero olhar, cair na tentação de correr no sentido inverso à minha vontade, não quero contemplar a réstia de rosto vazio, repleto e manchado por um ardente tormento, que me obrigue a mais uma vez, no crucial momento, perder a coragem, e querer carregar a cruz do tormento, deixa-me ser cobarde, só porque é mais fácil ceder e renunciar ao há muito anunciado, não me obrigues a dar o dito por não dito.

Apenas rasga memórias alojadas, guarda o que é bom de guardar. Despedidas, não são de modo algum elaboradas para se parecerem com momentos que se querem registados de forma vitalícia, são flashes momentâneos de uma história, que a partir daí, assume verdadeiramente esse título. Relembra olhares trocados, em tempos vendidos de forma gratuita, que à luz do momento nada significam, não agora. A poeira acabará por assentar, as lágrimas diluir, e questões abertas que agora se apresentam de solução indecifrável, acabaram por cair, ceder perante a inevitável linha temporal.

Irás rir, tempos volvidos, de episódios como o actual, saberás então, que tais quimeras alojaram-se no único lugar disponível, naquele onde eventualmente poderiam por fim ter repousado, nos perdidos e achados da alma. Irás perceber em como foi a única saída plausível, a possível, não me teres agarrado e sustido naquele instante. Sentes os evidentes sinais do tempo repleto de ensejos, sabes que amanhã não voltarei a visitar os teus pensamentos dispersos. Sentes tal e qual como eu, que não foi de facto, tempo perdido.

11 comentários:

Chamem-me o que quiserem - desde que me chamem. disse...

Bom Rebelde, tu tens, como poucos, o dom de transformar palavras em ARTE... pura ARTE...

Joana ' disse...

Bom Rebelde, deixa-me, primeiro que tudo, agradecer as tuas tão sábias palavras deixadas lá no meu simples cantinho.
O elogio óbvio que te fiz é fundamentado e qualquer um pode perceber o teu talento ao dar uma pequena vista de olhos pelas tuas crónicas.

Não sei se orgulhosa será o melhor termo para me definir. É claro que tenho orgulho, todos o temos e ainda bem. Acho que no meu caso não foi excesso dele, mas sim falta de coragem, medo talvez.
Não sei se ainda vou a tempo, nem sei sequer se o quero fazer. Os meus pensamentos encontram-se emaranhados!

Em relação ao teu texto, tenho apenas uma palavra para o definir: Excelente!!
"Sentes tal e qual como eu, que não foi de facto, tempo perdido."


Beijinhos e eu é que tenho de agradecer =)

messy disse...

És incrivelmente bom com as palavras (: Qd aqui venho, nada mais existe do que aquilo que leio (:

Despedi-me já, e mais que uma vez, de alguém sem saber se seria a despedida. É "engraçado" até depois pensar nisso. Foi como teve de ser, sem palavras pensadas.

E o rir depois de passada a tempestade? Ainda bem que assim acontecE! *

S* disse...

Escreves lindamente. :)

Eu sou remelosa, mas tu não me ficas atrás. ahahah

Anónimo disse...

Como escreves maravilhosamente bem!
Texto lindissimo mesmo! Parabens pelo teu dom. Adorei especialemnte esta descrição: "Despedidas, não são de modo algum elaboradas para se parecerem com momentos que se querem registados de forma vitalícia, são flashes momentâneos de uma história, que a partir daí, assume verdadeiramente esse título."
Sem palavras!

a Gaja disse...

Lindo...gostei muito.

Beijinho*

Brid disse...

Ai homem! Muito escreves tu xDD

Logo à noite faço-te um comentário decente, é que eu vinha para te ler e deparei-me não só com um texto enorme, mas tb cheio de jogos de palavras caras xD Acho melhor lê-lo com calma, depois do exame de bioquimica (tou quase a acabar!!!!)

Beijinho*

P.s. Espero que não tenhas ficado mt chateado com o meu ultimo comment xD Eu às vezes sou um pouco impulsiva, não leves a mal. ***

Lady L disse...

É engraçado como eu escrevi um texto que abordava a metáfora -ponte. Parece que andamos em sintonia. Digo eu!
Quanto ao texto acho, que sabes bem a obra de arte que acabaste de publicar! Am I right!? Deve ser cansativo ser tão criativo o dia todo....

Beijinho :)

Mafalda disse...

Eu so elogio quem merece, e a tua escrita faz-me querer que és mercedor de todos e tantos outros elogios :)

A tua escritapelo que tenho visto cativa-me, mas não só a mim. Apaixonante é o facto como consegues fascinar tanto á tua volta com palavras tão "banais". O jeito que lhes dás é único ;)

Se vamos por "apelar facilmente", então eu sou tua fã nr.1. Fico vidrada no que dizes e na maneira como jogas com isso.

QUanto ao teu texto, tive que o ler duas e três vezes. Está lindo, adoro tudo o que escreves.
A maneira como conjugas um simples verbo, faz-me arrepiar.
Dizes coisas que me deixam assim, sentir como se as sensações se "apalpassem".

Sabes que mais? Davas para escritor ^^

Conitnua tu a postar textos que exercem uma sensação tão positiva e apaixonante, que nos deslocam a tudo o que sentes.

Beijo grande *
P.s.: Desculpa o comentário pouco elaborado

B. disse...

Bem...estou de boca aberta, literalmente! Não que duvide dos teus dotes literários...mas este texto está...fantástico!!!:)
Parabéns! bjss*

sunshine disse...

Um dos meus favoritos, a cheers for you :)