terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Término Veraneante


O encerrar do verão surge como uma circunstância meramente consumada. Chega a ser deprimente o malfadado regresso a casa em associação à monotonia de um dia-a-dia tremendamente sisudo. O desgastado ritual de desfazer as malas e bagagens, que foram arrumadas na ida em andamento apressado. Repousam agora alheadas e encostadas a um mero canto abandonado, transportam a nostalgia de memórias, que estacionarão enclausuradas, até pelo menos ao próximo ano.

No ar ainda ressalvam os últimos murmúrios de gargalhadas, trocadas à luz de mais uma noite quente nos píncaros de Agosto. Onde os ponteiros simplesmente deixaram de ostentar o menor sentido face à inconsequência dos próprios. Onde o tempo estanca, imortalizado como se na realidade fosse parte integrante, numa pintura de quadro a óleo, esboçada a preceito por um qualquer pintor famoso post mortem.

A cidade que por momentos folgava vagarosa e sonolenta, movendo-se a meio gás. É abananada no seu lento despertar. Enche-se novamente de ruído, movimento e poluição. Os semblantes que se cruzam no metro, retomam ao ritmo frenético rotineiro. Esbatem e encurtam o sorriso típico de quem momentaneamente não apresenta preocupação alguma, proporcional ao seu contentamento ilusório.

As histórias que se sucederam a um alucinante ritmo, como notícias sensacionalistas veiculadas por um jornal em trágica queda, arrumam-se agora na gaveta das recordações. Prontas a serem partilhadas, quiçá à lareira numa roda de amigos plena de amizades fortificadas.

Muitos foram realmente verdadeiramente afortunados. Outros ocuparam a outra metade inglória da balança. Os tais que sofreram rudes golpes que certamente mancharam o verão que agora definha a passos largos para a sua extinção.

Sentado no cimo do meu alter-ego, flutuo no meu terraço terreno, onde cedo concluo que o meu verão, não foi marcadamente estonteante. A aventura, no sentido literal da palavra, não foi de todo a sua imagem de marca. Mas o pensamento é reconfortante, quando muitos encerram e arquivam memórias como que com medo de as perder. Eu abro a janela da minha alma. Proporciona-me uma vista ampla e desafogada, totalmente privilegiada para um ser ímpar que desponta no mundo. Para um futuro que se veste colorido e radiante. Que se pinta de caminhos e estradas que se interceptam a determinada altura, em momento oportuno. Na realidade convergem para o mesmo afluente, que não se intimida com o fim que lhe proclamam e auguram. Isto porque o início ainda aí espreita!




20 comentários:

Pés de bailarina disse...

Senti cada palavra libertada por ti, que começou no coração e terminou aqui no "papel".
O verão tráz-nos tudo. E depois vai, ficam as recordações do bom e do mau. Dos dias sem relógio.
Agora o relógio regressa e sem pena alguma. Faz parte (:
A vida é feita disto: caminhas mais claras e mais escuras.
Mas temos que ter a certeza de que nenhuma é mais forte que nós..


Uma boa semana, CDUBR *

'Mimi disse...

Não gosto do fim do verão, não gosto da rotina que traz com ele.
Mas é uma questão de semanas até já não fazer diferença

Emma disse...

Adorei o blog (: óptimo texto!

Brid disse...

Aaaaiii, o Verão... vou ter saudades xD Ontem já tive que ir à faculdade trabalhar numa bolsa de investigação, saí de lá mais morta que viva! Oo Mas pronto, não há-de ser nada, afinal... o melhor é mesmo quando há um equilibrio entre tudo, e o trabalho faz-nos sempre apreciar as férias com os sentimentos mais apurados :)

Beijinho!*

Rosa Cueca disse...

eu adoro o fim do verão. é para mim o iniciar do ciclo "que importa", é um retemperar de forças...

mas somos todos diferentes não é? :)

carlita =) disse...

excelente :)

Pés de bailarina disse...

Só te consigo agradeçer pelas palavras. Palavras essas que transparecem o teu coração.

Um beijinho Reb*

Genitrix disse...

O verão é bom, mas o Inverno Tamb´´em, tudo tem os seus encantos.

Tens um mimo no meu blog

Patrícia, disse...

que belos textos que tens aqui (:
adorei e vou seguir *

Maria disse...

Estou a começar agora a ter aquela nostalgia de inicio de novo ano. E não é nada fácil..!

ADEK disse...

Adorava que as minhas malas ficassem a descansar até ao próximo ano...mas isto de ser estudante deslocada não dá jeito nenhum, e as malas não param NUNCA:X Sinto a nostalgia que referes, mas nunca consigo deixar de me sentir entusiasmada com um novo ano. Mais uma oportunidade de cumprir todos os planos, mais uma hipótese para ser aplicadinha e feliz:P [Nunca cumpro, mas a esperança renova-se de ano para ano:P]

Beijinho!

B disse...

uma delícia ler-te, no verdadeiro sentido da palavra!

L.A disse...

o Fim e' sempre nostalgia, seja do verao, de um passeio a dois, de um filme no cinema, o fim so por si e' um pressagio mau, de separação, de abandono, de tanta coisa, que nos fim, so nos leva a outra coisa boa(:

E nao ha nada como um dia de chuva +.+

abraço rebelde

Lady Me disse...

Eu gosto do Verão, mas só de pensar nas noites de Inverno no meio dos cobertores quentinhos, hummm, tenho saudades! Mas nada como dias de sol e praia! Enfim, não sei qual gosto mais :)

Miminho no meu blogue*

messy disse...

já eu que não tive férias achei tudo óptimo, não há cá mudanças drásticas :p

Ana disse...

A despedida das férias é verdadeiramente triste...

Lady L disse...

A grandeza do que por aqui é escrito, deixa-nos a todos deslumbrados. É realmente um dom, daqueles que devem ser aproveitados até ao fim. Acredita que sim.
Se por um lado, há um fechar de um ciclo, outro está mesmo à espera para ser aberto. E não é assim que deve ser!? As dissonâncias da vida : enquanto um chora-outro ri até não poder mais; enquanto um bebé nasce- alguém está a morrer. As mudanças não vêm com avisos, ou se calhar até vêm, mas nós insistimos em não reparar neles. E quando damos por ela estamos a ser engolidos por esta onda. E não há nenhum nadador-salvador. Só nós. É a única certeza que ainda temos enquanto estamos a ser levados por estas fortes correntes! E a algum lado, vamos buscar as forças para continuar a nadar. Alguns dizem que é ao coração, resta ver para crer!

"Proporciona-me uma vista ampla e desafogada, totalmente privilegiada para um ser ímpar que desponta no mundo. Para um futuro que se veste colorido e radiante. Que se pinta de caminhos e estradas que se interceptam a determinada altura, em momento oportuno. Na realidade convergem para o mesmo afluente, que não se intimida com o fim que lhe proclamam e auguram. Isto porque o início ainda aí espreita!"

Beijinho BR! :D

Unknown disse...

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Os Desabafos da Sofia mudaram-se para aqui:

http://alguma-incontinencia-verbal.blogspot.com/

beijinhos e abraçinhos

Rabisco disse...

Olá!
Ainda me custa pensar que o Verão está a acabar e por isso, e porque tenho tido a sorte de o conseguir continuar a fazer, ainda não abandonei este Verão, e continua a acompanhar cada momento de final de tarde em que o sol toca o infinito do mar...
E que bem que tem sabido...

;)

Abraço

Wahine disse...

O verão acaba. Mas o que vem ai poderá ser bom e poderá ter mais aventura do que o verão...

bjo*